Uma introdução ao assunto:
O padrão educacional vem gradativamente sendo alterado para que seja adaptado às novas gerações de estudantes, essa é uma das discussões mais importantes do século XXI, uma vez que o modelo atual – resquício dos séculos XIX e XX, onde o conhecimento era pertencente a um interlocutor (professor) que transmitia aos ouvintes (alunos) o que sabia, não tem mais feito sentido (NADAL, 2008).
Historicamente, a escola que existe hoje foi parte do processo de industrialização, tal qual o modelo fordista de produção, a escola foi pensada para produzir conhecimento em massa. A facilitação ao acesso à educação, no Brasil, não foi acompanhada pelo aumento de sua qualidade, pelo contrário, possibilitou “uma escola com matizes pragmáticas, meritocráticas e apolíticas, pouco capaz de participar na construção de uma sociedade pautada em valores sociais igualitários e democráticos” (NADAL, p. 7, 2008).
Por essa razão, existem movimentos fomentadores de metodologias alternativas para escolas, que buscam superar o movimento massificador da educação tornando-a acessível a todos os estudantes, assim como conceitua Rubem Alves (p. 10, 2000), uma escola “retrógrada” que vai para “trás” de programas científicos, que independe de imposição de um “órgão” superior hierarquicamente e invisível para crianças.
Escolas que consideram as particularidades e experiências de cada criança, assumindo que cada uma é diferente e, dessa forma, seu desenvolvimento escolar deve ser único e personalizado, cooperando para a emancipação do pensamento classista de que o possuidor do conhecimento é o professor e o “aluno” é o “ser sem luz”, uma “folha em branco” que precisa ser preenchida de conhecimento.
Rubem Alves (2000), em sua crônica sobre a Escola da Ponte, de Vila Nova de Famalicão, Portugal, diz:
Quero uma escola que vá mais para trás dos "programas" científica e abstratamente elaborados e impostos. Uma escola que compreenda como os saberes são gerados e nascem. Uma escola em que o saber vá nascendo das perguntas que o corpo faz. Uma escola em que o ponto de referência não seja o programa oficial a ser cumprido (inutilmente!), mas o corpo da criança que vive, admira, se encanta, se espanta, pergunta, enfia o dedo, prova com a boca, erra, se machuca, brinca.Repensar a instituição Escola, a forma como ela (e seus espaços) podem afetar na qualidade do aprendizado e influenciar gerações futuras de forma positiva, é um exercício constante. Elali (2003) apud Horne (1999); Loureiro (1990), afirma que “na escola, ele (o espaço físico) possibilita a decodificação e a aprendizagem até mesmo de normas sociais, comunicando não-verbalmente aos estudantes as intenções e os valores dos professores enquanto adultos que exercem controle sobre o espaço”.
Ørestad Gymnasium, por 3XN Architects (2007)
REFERÊNCIAS
ELALI, Gleice Azambuja. O ambiente da escola - o ambiente na escola: uma discussão sobre a relação escola-natureza em educação infantil. Estudos de Psicologia, Natal, v. 8, n. 2, p. 309-319, ago. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2003000200013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 08 mai. 2017.
NADAL, Beatriz Gomes. A escola e sua função social: uma compreensão à luz do projeto de modernidade. In: Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul, 2008, Itajaí. VII Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul - ANPEDSUL, 2008.
ALVES, Rubem. A Escola da Ponte – parte 3. In: _______. A escola que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. 1. ed., Campinas: Papirus Editora, 2001. cap. 4.
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